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Resenha: Dan McCafferty - Last Testament (earMUSIC)

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“ It seems so far away ”. As primeiras palavras de Dan McCafferty em “Last Testament” parecem anunciar que ele será uma viagem no tempo.  Entretanto, a viagem a que nos conduz o primeiro álbum solo de Dan McCafferty em mais de trinta anos é muito mais do que cronológica. É também uma jornada rumo aos mais profundos sentimentos do artista e uma excursão por diversos estilos e ritmos musicais, com arranjos e produção de muita qualidade. Vale aqui, portanto, um destaque para o trabalho realizado pelo maestro tcheco Karel Marik em todas as músicas . Destaque também para a profundidade das letras, todas de autoria de Dan. É fácil perceber que o artista transforma a limitação causada pela DOPC (Doença Obstrutiva Pulmonar Crônica) em um mero contratempo superado pela apurada técnica vocal e, sobretudo, pela presença de uma carga emotiva muito forte em cada nota que pronuncia. A voz, que antes vinha apenas dos pulmões, agora vem também do coração. E mantém-se forte e marcante, com as q

O retorno de Dan McCafferty

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Meados de 1983, primeiro ano do colegial (ensino médio). Foi nessa época que eu fui apresentado ao som do Nazareth. E que som! O primeiro álbum que ouvi foi o petardo “No Mean City”. Instrumental perfeito e sonoridade contagiante, mas o diferencial era mesmo a voz potente, ao mesmo tempo rústica e melodiosa, rebelde e romântica, do vocalista da banda. Quem é esse cara, meu Deus?? Pois é, eu descobrira o timbre único de Dan McCafferty, talentoso e simpático escocês nascido na antiga capital Dunfermline, em 14 de outubro de 1946. A discografia do Nazareth é extensa (começa em 1971) e transita por uma ampla variedade de estilos musicais, com predomínio do rock visceral, muito influenciado pelo blues. O talento dos músicos (sobretudo da formação original) é inegável, mas a marca registrada da banda, vale frisar, sempre esteve na voz que embalou seus sucessos. Ele poderia ter tentado alçar voos mais altos, mas preferiu ficar ao lado de seus amigos de banda por mais de quatro dé

Cérebro e Coração (conto dedicado ao cerebral futebolista SÓCRATES)

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Foto: Jorge Duran/ATP Max , meu irmão caçula , é obcecado por hábitos antigos. Muito antigos, devo dizer. Em seu simulador de experiências , costuma elaborar e participar de programas nos quais se disputam as chamadas Olimpíadas . Disse-me, com incompreensível orgulho, já ter obtido medalhas em algumas modalidades esportivas. Ele utiliza com frequência uma palavra inexistente na Enciclopédia Galáctica para designar o resultado da forma voluptuosa que conferiu a seus músculos: sarado . Contou-me certa vez que este termo é oriundo de uma subespécie vocabular conhecida como gíria e que estava ligado ao gosto que os habitantes de alguns séculos primitivos tinham por cultuar o condicionamento físico e a hipertrofia muscular. Eu me diverti bastante quando Max explicou que aqueles trogloditas procuravam expandir sua musculatura aos extremos. Custo a acreditar que os antigos viam beleza naquilo: desfrutavam de uma fração mínima de seus intelectos e, ainda assim, estavam mais preo