Resenha: Nazareth - Tattooed on my Brain
Há algumas semanas, comprei o novo álbum do Nazareth – ‘Tattooed on my Brain’ – no iTunes, quando
ainda estava em pré-venda. Pois bem, na manhã desta sexta-feira, dia 12 de
outubro de 2018, ele foi oficialmente lançado e a primeira coisa que vejo ao acessar
minha caixa de entrada no Gmail é um e-mail com o título “O seu pedido de pré-venda
para "Tattooed on My Brain" já está disponível”.
Minha alegria foi
imediata. E enorme. Engoli o café da manhã às pressas e sentei-me em frente ao
computador. Já estava dominado pela ansiedade, tão comum em mim ao adquirir
novos discos do Nazareth desde os tempos de minha pré-adolescência.
Com o coração a mil,
pus-me a ouvir o álbum.
Um aviso introdutório:
se você espera uma análise técnica, melhor não prosseguir na leitura. Embora eu tenha procurado
dar uma ideia da sonoridade do álbum, o que segue é fruto das sensações que vivenciei
ao ouvi-lo. Entenda: é uma resenha escrita por alguém que há décadas identifica
nas músicas do Nazareth a trilha sonora de sua própria vida. Tende, portanto, a
ser uma resenha “logicamente emocional”.
Versatilidade. É assim
que eu definiria essa banda se tivesse que fazê-lo com uma única palavra.
Lembro-me de uma vez em que perguntaram a Dan McCafferty qual seria o estilo do
grupo e ele respondeu simplesmente “rock and roll”.
Sim, Nazareth para mim é rock em seu mais amplo conceito, o que implica passear – sempre com muito talento – por
todas as suas variantes.
Ah, um parêntesis: as
menções ao grande Dan terminam aqui. Ele deve lançar um novo álbum solo ainda
neste ano e eu terei imenso prazer em escrever uma resenha para ele também. Acredito que
será um trabalho maravilhoso. Por ora, entretanto, quero me fixar em ‘Tattooed
on my Brain’.
O peso do álbum já se
faz sentir de cara com ‘Never Dance With The Devil’. A bateria de Lee Agnew dá
as primeiras notas e então entra em cena a imponente guitarra de Jimmy Murrison.
A música imediatamente tomou conta do ambiente ao meu redor e colocou minha
cabeça para balançar. Em seguida, é a vez do competentíssimo Carl Sentance
mostrar a que veio: UAU! Eu logo imagino um imenso sorriso no semblante de Pete
Agnew – o mestre do baixo infestado por ratos roqueiros –, ao acompanhar seus
companheiros de banda durante as gravações, realizadas no ‘Sub Station Studio’
(Dunfermline, Escócia) no começo deste ano. Eis aí um ‘hard rock’ de primeira. Começo
muito animador!
As duas músicas
seguintes já haviam sido lançadas como ‘singles’ pela gravadora Frontiers. A
primeira delas é a faixa título – ‘Tattooed on my Brain’ –, um ‘punk rock’ moderno,
contagiante e bem humorado que bem ilustra a versatilidade a que me referi há
alguns parágrafos. Apesar da grande variação no estilo musical, é uma faixa que cativa desde a primeira audição. Além disso, tem grande
apelo comercial, com potencial para se tornar um grande sucesso. Como de
costume, a banda foi corajosa e não teve medo de inovar. Música para ser ouvida
com a mente aberta.
A segunda delas é ‘State
of Emergency’, rockão energético, acelerado, impossível de ouvir parado. O
trabalho primoroso de todos os músicos fica evidente nesta faixa. A esta
altura, não há como duvidar que Carl Sentance veio para ficar.
É outra banda? Não é
mais o velho Nazareth? Talvez. Mas... Ei, é uma ótima banda – vamos curtir!
Enquanto a minha
expectativa para conhecer as outras músicas aumenta, ouço a introdução da adorável
‘Rubik’s Romance’. O ritmo do álbum desacelera e eu viajo na tocada suave e na
agradável sonoridade da música. É muito bela e cativante, igualmente com potencial para se tornar um sucesso. Vertente ‘pop’ do álbum.
‘Pole to Pole’ é a
última faixa dentre as três disponibilizadas com antecedência pela Frontiers.
Na verdade, a primeira delas a ser disponibilizada, e foi muito bem recebida
pela maioria dos fãs. Mais um rockão gostoso de ouvir e que remete um pouco ao
som do AC/DC. Refrão forte e vigoroso e muito capricho no trabalho da guitarra.
Soa melhor com o volume mais alto, mais alto, mais alto... Mais alto!!
Nova quebra de ritmo –
e de estilo. Sinto-me dentro de um faroeste ao ouvir ‘Push’, que eu
classificaria (talvez erroneamente*) como um ‘country rock’. Uma viagem ao interior, embalada por um
belo trabalho vocal e instrumental. Constato que não há como enjoar deste álbum, pois a banda faz você empreender com
ela uma jornada por vários estilos musicais. Impossível ter aquela sensação de ‘déjà vu’. Isto
é Nazareth!
Como um arauto, um
acorde anuncia mais uma canção. É a vez de ‘The Secret is Out’. Aqui, a bem
executada alternância de ritmos ocorre dentro da própria música (fenômeno que volta a ocorrer na magnífica 'Change').
E, por falar em
segredo, acho que já contei demais sobre as novas faixas. Adianto que muita
coisa boa ainda vem a partir daí, inclusive uma linda balada 'bluesy' cantada por Pete
Agnew – a relembrar o início da carreira da banda, com a faixa ‘I Had a Dream’.
Vou parar por
aqui então, pois não quero estragar a grata surpresa que é descobrir ‘Tattooed on my
Brain’ por si mesmo. Vejo-o como um dos mais consistentes álbuns que a banda
lançou nas últimas três décadas. Aliás, diria que é o melhor desde 2XS.
Eu sei, a paixão limita
a isenção. Mas, acredite: não é exagero. Todas as músicas de ‘Tattooed on my
Brain’ são autênticas conquistadoras. Cada uma delas é primorosa em seu estilo.
Em tempo: Feliz
aniversário, Nazareth! Parabéns pelos 50 anos (por coincidência, a idade deste seu fã).
E obrigado pela música, que tem me acompanhado em momentos de dores e prazeres,
tristezas e alegrias, ao longo de um ‘zilhão’ de anos. Nestes tempos sombrios
de radicalismos e intolerâncias, há um quê de alívio em meio à imensa alegria
de saber que uma banda tão eclética sobrevive.
E em grande estilo!
(*) - pesquisando melhor, notei que a música 'Push', na verdade, é melhor classificada com um 'hard blues' (atualizado em 18/10/2018).
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